O último grito




Rasgados e cheirando mal somos nós
somos o público de um show de bizarrices cotidianas
cambaleamos expostos a luz desfigurada da noite febril
e regurgitamos os sonhos que engolimos na juventude
e pisamos no mesmo chão e nesse mesmo chão
está o nosso passado em cada parte do lixo sufocante
nas veias dessa cidade!
Nunca sorrimos ao olhar nos olhos de um estranho
vagamos expostos, exaustos do cheiro de sangue fresco
pelas calçadas cobertas de esgoto
tropeçamos bêbados e alucinados
nos mendigos e seus cobertores, seus cães
suas almas e suas pupilas

Prostitutas e músicos da noite
poetas desfigurados do mundo atual
dançando pela dislexia da sociedade
impaciêntes e sujos
cuspindo em seus instrumentos
as dores de um blues biográfico

Suspiros cegos dos mortos recém eleitos
dormindo em telhados como gatos de bruxaria
somos nós em uma parte inédita e desconhecida
no reflexo oculto do velho Inconsciente

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